terça-feira, 18 de junho de 2013

Sobre participações em congressos e seminários

Ouvindo: "Macaé", de Clarice Falcão

Salve, pessoal!

Essa semana fui indicado pela empresa em que trabalho a participar de um congresso sobre Gestão do Conhecimento, que é o tema que trabalho desde 2008. e foi (está sendo, na verdade), uma boa oportunidade de refletir sobre esse tipo de evento e o que podemos aproveitar deles.

De antemão, devo admitir que meu histórico de participações em eventos de Psicologia é bem limitado. Quando eu era jovem e estava na graduação, não tinha tempo ou dinheiro (muitas vezes, nem um, nem outro) para participar. E sei que isso diminui minha percepção sobre o tema.

Academicamente, a participação em eventos dessa natureza contam pontos. O currículo Lattes tem campo específico para registrar isso. No campo profissional, também há um certo reconhecimento por isso. Mas aí vem a parte interessante da coisa: participar de um congresso sobre dietas, não me faz sair de lá mais magro.significa apenas que eu participei de um evento sobre dietas.

Tanto no campo acadêmico como no profissional, a participação em um congresso é a chance de conhecer novas teorias e soluções, saber o histórico de algumas coisas (estudos de casos costumam ser interessantes) e, óbvio, fazer novos relacionamentos. E, mesmo isso tudo, precisa de uma boa reflexão sobre a utilidade e aplicabilidade do que é visto a nossa própria realidade.

Conhecer em um evento uma ferramenta, metodologia ou corrente teórica não significa que aquilo vai ser útil ou interessante para você, seja na academia (a do cérebro, não a dos braços), seja no seu trabalho. Já cansei de ver gente que se deslumbrou com alguma coisa que viu em um congresso e se apegou aquilo como tábua de salvação ou novo dogma e que, em pouco tempo, deu com os burros n'água. Esqueceram de parar e pensar sobre aquilo de forma crítica, de forma coerente.

Os congressos tem um aspecto interessante nesse sentido. Talvez você já tenha lido livros e livros sobre o tema, conheça bem o assunto e nunca tenha admitido aquilo como verdade absoluta. Mas quando você vê um monte de gente junto, alguém num palco com uma apresentação em power point, aí não adiantas! Meio caminho andado pra você gritar "Aleluia!", comprar mais um livro na saída e correr pro seu chefe (ou orientador) com aquela nova doutrina, que precisa ser implementada ontem. E ainda vai ficar se perguntando "como vivemos até hoje sem isso?".

Estou ouvindo um monte de coisas sobre Gestão do Conhecimento, algumas conhecidas, outras novas. Fico pensando no que já está aplicado na empresa em que trabalho, no que podemos adotar... mas creio que meu ceticismo é severo a ponto de olhar tudo com uma certa ressalva, uma certa desconfiança... e sempre com a precaução de não ver nada como uma "nova salvação".

Não quero desestimular ninguém a participar de eventos. Ao contrário, é muito bom. Só estou sugerindo uma nova forma de ver esses eventos e sua aplicabilidade. Pensem de forma prática, concreta e lembrem sempre de considerar o fato de que o palestrante poderia ser você e que, muito provavelmente, você tem muito a apresentar e a contribuir para a discussão do tema. Afinal, você também tem suas próprias Teorias! :)

Abraços a todos.

P.S.: O exemplo da palestra da dieta não é meu. Vi numa palestra (não sobre dietas).
P.S.2: No filme "A Vida de Brian" tem uma fala interessante sobre salvação e messias. Estão seguindo Brian enquanto messias e um cabra fala pra outro: "Como você sabe que ele é o messias?". E o cabra responde: "Eu sei sim! Já segui alguns!"

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